Prezados Enfermeiros/as
Paupérrima a nossa enfermagem e actual situação!
Que diremos findos os próximos quatro anos?
Como candidato a Bastonário de forma alguma é minha intenção colocar nestes meus comentários criticas ou instigações aos actuais corpos gerentes da nossa OE, mas sim dar-vos a conhecer o meu sentimento e a minha avaliação da enfermagem actual e o que pretendemos mudar na nossa profissão; obviamente laborando em parceria com outras associações de enfermagem em Portugal e no Mundo.
Para o desempenho bem sucedido de uma determinada função, não basta ter experiência, motivação e uma formação académica adequada, pois em momentos de crise ou particularmente difíceis da gestão, as características pessoais assumem-se como o vector diferenciador dos desempenhos.
Cito com humildade o digníssimo Prof. Doutor Albino Lopes, docente no meu Mestrado em Gestão de Serviços de Saúde do ISCTE e no meu Doutoramento em Psicologia da Saúde no Instituto Superior de Ciências Educativas, quando referia que: “Só mandam fazer mais a quem já fez muito”!
Não tenho a menor das dúvidas que muito há a fazer pela enfermagem e pelos enfermeiros!
Só assim os cuidados de enfermagem poderão atingir o seu auge de glória!
A dinâmica contemporânea das Organizações é cada vez mais caracterizada pelas exigências de competência, flexibilidade e competitividade, mas também pela imprevisibilidade, pela instabilidade e pela precariedade. Empresários, políticos, gestores, quadros médios e superiores, descobriram que a única certeza com que podem contar, chama-se incerteza. Gerir a incerteza tornou-se uma competência chave e diferenciadora para quem emprega e é empregado.
A perspectiva da carreira de enfermagem mudou drasticamente na última década!
Esta nova realidade socio-económica e a dinâmica actual do mundo do trabalho e das organizações, obrigou a uma redefinição das competências diferenciadoras na questão fundamental do sucesso e insucesso profissional. Sabemos hoje, que as competências que no passado pareciam ser determinantes como preditoras de sucesso em contexto de trabalho, e que classicamente se agrupavam em saber (competências ligadas á formação e ao conhecimento) e saber-fazer (competências ligadas á experiência, ao saber adquirido pela prática e consolidado com a formação), deram a primazia ás competências que integram o saber-ser (competências ligadas ás dimensões comportamentais, motivacionais e emocionais), numa palavra, a personalidade do sujeito que se move nesse contexto.
Em conformidade com o Processo de Bolonha, a enfermagem portuguesa é referência e modelo para outros países europeus; sendo Portugal olhado como modelo! Uma vez que o acesso á profissão faz-se via ensino superior, o que não acontece na maioria da Europa. Por esta e outras razões a afirmação é essencial e preconizada pelo desejo ardente dos enfermeiros portugueses.
Qualquer que seja a organização dos cursos e a duração dos períodos, tem de ser afiançada a autonomia da actividade profissional; não basta a simples existência de “competências profissionais” – elas têm de ser assentes num exercício profissional autónomo.
Os enfermeiros têm assistido a um processo de (des)valorização profissional, de perdas e ganhos de status, sendo considerados ora como uma profissão idílica ora uma profissão conflitual; reportando-se ininterruptamente a uma colossal (in)satisfação profissional.
Perante dados estatísticos nunca outrora se desenvolveram tantas teses de Mestrados e Doutoramentos em Portugal referindo a (in)satisfação de enfermeiros civis e militares, com apoio no fenómeno Burnout (Burn= queima e out= exterior), com incidência na exaustão emocional, despersonalização e perda de realização pessoal e profissional. As vagas existentes na maioria dos Mestrados e Doutoramentos em áreas da saúde em Portugal são preenchidas por enfermeiros/as; o que quererá significar algo deprimente perante a situação actual da nossa nobre profissão.
De facto, considero que a enfermagem se encontra num ponto de viragem mas para isso as iniciativas terão que forçosamente partir das associações a ela agregadas. Para além do país, globalmente teremos de encarar as situações de outra forma; pois temos um SNS totalmente desmoronado em termos de organizações de carreiras e nada eficaz no serviço que presta ao utente.
Para se conseguir uma boa saúde em Portugal falta algo de essencial: políticos. Pois, muitas vezes as suas decisões demonstram poucos saberes em matéria de saúde. È fundamental que deixem de usar saúde como uma forma de captação de votos; a política partidária tem de ser colocada de lado quando está em causa o interesse da sociedade e, neste caso, dos utentes dos serviços do SNS. Não é necessário percorrer grande distância para conseguirmos exemplos que funcionam e adaptá-los á nossa realidade. Os enfermeiros como profissão responsável que são pretendem colocar ao serviço da população todos os saberes possíveis e adquiridos, mas, para tal se verifique têm necessidade de se movimentar dentro do SNS bem articulado e organizado onde os níveis de eficiência e eficácia predominem.
Para podermos atingir qualquer objectivo nunca poderemos descorar a nossa pretensão profissional (progredir e evoluir profissionalmente) e na necessidade de ter objectivos elevados e de estar motivado para os atingir com sucesso. O esforço (capacidade de manter um alto nível de empenho em tarefas exigentes), a perseverança (capacidade para não desistir perante as dificuldades e adversidades) e a iniciativa (ser capaz de assumir mais responsabilidades para fazer face a novos desafios).
Para o desempenho bem sucedido de uma determinada função, não basta ter experiência, motivação e uma formação académica adequada, pois em momentos de crise ou particularmente difíceis da gestão, as características pessoais assumem-se como o vector diferenciador dos desempenhos.
Prezados enfermeiros deixo a certeza de grandes mudanças na nossa profissão, é esse o meu/nosso objectivo; pois se assim não fosse nunca estaria aqui como candidato.
Necessitamos por isso de ponderar muito bem sobre essa mudança que todos nós desejamos. Mas para que isso se venha a efectivar necessitaremos de ser sábios. E a palavra é mesmo esta – sábios.
Pessoas que sabem muito sobre as matérias que directa ou indirectamente influenciam ou irão influenciarem os caminhos da enfermagem nos próximos quatro anos. Pessoas com pensamento estratégico; com visão sobre a actualidade e o futuro da profissão; com visão sobre as actuais e futuras políticas de saúde; com profunda visão social; com uma visão enquadrada nos actuais valores da economia e finanças; com valores intrinsecamente humanistas.
Sem confronto nada se faz; sem controlo nada se faz correcta e eficazmente.
Votem! Só assim conseguiremos atingir os nossos/vossos objectivos.
Atenciosamente;
Carlos Manuel Vaz Folgado
quinta-feira, 29 de novembro de 2007
Programa de Acção para o Quadriénio 2008-2011
- Adquirir a iniciativa de propor junto do poder legislativo a revisão e de proceder à modificação do REPE – Regulamento do Exercício Profissional dos Enfermeiros (Decreto-lei n.º 161/96 de 4 de Setembro).
- Adquirir a iniciativa de propor junto do poder legislativo a revisão e modificação do estatuto da ordem dos enfermeiros (Decreto-Lei n.º 104/98 de 21 de Abril).
- Uniformização de horários dos Enfermeiros a nível Nacional.
- Uniformização de vencimentos dos Enfermeiros a nível Nacional.
- Gestão dos profissionais de enfermagem e sua respectiva colocação nas instituições de saúde, públicas ou privadas.
- Paridade de gestão para as mais variadas Instituições de Saúde, públicas ou privadas.
- Desenvolver consensos para que as permutas de situação sejam um dado adquirido, ao mesmo tempo gerido unicamente pela Ordem dos Enfermeiros Portugueses.
- Fomentar estudo dos estabelecimentos de ensino, existentes, para a licenciatura em enfermagem. Alteração e uniformidade do conteúdo programático.
- Desenvolver junto do poder legislativo equidade de direitos e deveres para todos os enfermeiros, quer militares ou civis com incidência Europeia.
- Proposta de formulação do Acto de Enfermagem a nível Europeu. Aquisição de novas responsabilidades e competências.
- Especializações em Enfermagem enquadradas e ajustadas ás várias áreas da saúde.
- Desenvolver junto do poder politico actuações para finalizar o desemprego na profissão de enfermagem em Portugal. Anular a precariedade na profissão.
- Valorizar os graus académicos.
- Selectividade na admissão de enfermeiros vindos de outros países.
- Cuidados de Enfermagem diferenciados; racionalizar a optimização e rentabilidade dos enfermeiros perante um rácio enfermeiro/paciente, em conformidade com a OMS.
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