quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Mensagem da Lista E aos Enfermeiros

Prezados Enfermeiros/as

Paupérrima a nossa enfermagem e actual situação!


Que diremos findos os próximos quatro anos?


Como candidato a Bastonário de forma alguma é minha intenção colocar nestes meus comentários criticas ou instigações aos actuais corpos gerentes da nossa OE, mas sim dar-vos a conhecer o meu sentimento e a minha avaliação da enfermagem actual e o que pretendemos mudar na nossa profissão; obviamente laborando em parceria com outras associações de enfermagem em Portugal e no Mundo.

Para o desempenho bem sucedido de uma determinada função, não basta ter experiência, motivação e uma formação académica adequada, pois em momentos de crise ou particularmente difíceis da gestão, as características pessoais assumem-se como o vector diferenciador dos desempenhos.

Cito com humildade o digníssimo Prof. Doutor Albino Lopes, docente no meu Mestrado em Gestão de Serviços de Saúde do ISCTE e no meu Doutoramento em Psicologia da Saúde no Instituto Superior de Ciências Educativas, quando referia que: “Só mandam fazer mais a quem já fez muito”!

Não tenho a menor das dúvidas que muito há a fazer pela enfermagem e pelos enfermeiros!

Só assim os cuidados de enfermagem poderão atingir o seu auge de glória!

A dinâmica contemporânea das Organizações é cada vez mais caracterizada pelas exigências de competência, flexibilidade e competitividade, mas também pela imprevisibilidade, pela instabilidade e pela precariedade. Empresários, políticos, gestores, quadros médios e superiores, descobriram que a única certeza com que podem contar, chama-se incerteza. Gerir a incerteza tornou-se uma competência chave e diferenciadora para quem emprega e é empregado.

A perspectiva da carreira de enfermagem mudou drasticamente na última década!

Esta nova realidade socio-económica e a dinâmica actual do mundo do trabalho e das organizações, obrigou a uma redefinição das competências diferenciadoras na questão fundamental do sucesso e insucesso profissional. Sabemos hoje, que as competências que no passado pareciam ser determinantes como preditoras de sucesso em contexto de trabalho, e que classicamente se agrupavam em saber (competências ligadas á formação e ao conhecimento) e saber-fazer (competências ligadas á experiência, ao saber adquirido pela prática e consolidado com a formação), deram a primazia ás competências que integram o saber-ser (competências ligadas ás dimensões comportamentais, motivacionais e emocionais), numa palavra, a personalidade do sujeito que se move nesse contexto.

Em conformidade com o Processo de Bolonha, a enfermagem portuguesa é referência e modelo para outros países europeus; sendo Portugal olhado como modelo! Uma vez que o acesso á profissão faz-se via ensino superior, o que não acontece na maioria da Europa. Por esta e outras razões a afirmação é essencial e preconizada pelo desejo ardente dos enfermeiros portugueses.

Qualquer que seja a organização dos cursos e a duração dos períodos, tem de ser afiançada a autonomia da actividade profissional; não basta a simples existência de “competências profissionais” – elas têm de ser assentes num exercício profissional autónomo.

Os enfermeiros têm assistido a um processo de (des)valorização profissional, de perdas e ganhos de status, sendo considerados ora como uma profissão idílica ora uma profissão conflitual; reportando-se ininterruptamente a uma colossal (in)satisfação profissional.

Perante dados estatísticos nunca outrora se desenvolveram tantas teses de Mestrados e Doutoramentos em Portugal referindo a (in)satisfação de enfermeiros civis e militares, com apoio no fenómeno Burnout (Burn= queima e out= exterior), com incidência na exaustão emocional, despersonalização e perda de realização pessoal e profissional. As vagas existentes na maioria dos Mestrados e Doutoramentos em áreas da saúde em Portugal são preenchidas por enfermeiros/as; o que quererá significar algo deprimente perante a situação actual da nossa nobre profissão.

De facto, considero que a enfermagem se encontra num ponto de viragem mas para isso as iniciativas terão que forçosamente partir das associações a ela agregadas. Para além do país, globalmente teremos de encarar as situações de outra forma; pois temos um SNS totalmente desmoronado em termos de organizações de carreiras e nada eficaz no serviço que presta ao utente.

Para se conseguir uma boa saúde em Portugal falta algo de essencial: políticos. Pois, muitas vezes as suas decisões demonstram poucos saberes em matéria de saúde. È fundamental que deixem de usar saúde como uma forma de captação de votos; a política partidária tem de ser colocada de lado quando está em causa o interesse da sociedade e, neste caso, dos utentes dos serviços do SNS. Não é necessário percorrer grande distância para conseguirmos exemplos que funcionam e adaptá-los á nossa realidade. Os enfermeiros como profissão responsável que são pretendem colocar ao serviço da população todos os saberes possíveis e adquiridos, mas, para tal se verifique têm necessidade de se movimentar dentro do SNS bem articulado e organizado onde os níveis de eficiência e eficácia predominem.

Para podermos atingir qualquer objectivo nunca poderemos descorar a nossa pretensão profissional (progredir e evoluir profissionalmente) e na necessidade de ter objectivos elevados e de estar motivado para os atingir com sucesso. O esforço (capacidade de manter um alto nível de empenho em tarefas exigentes), a perseverança (capacidade para não desistir perante as dificuldades e adversidades) e a iniciativa (ser capaz de assumir mais responsabilidades para fazer face a novos desafios).

Para o desempenho bem sucedido de uma determinada função, não basta ter experiência, motivação e uma formação académica adequada, pois em momentos de crise ou particularmente difíceis da gestão, as características pessoais assumem-se como o vector diferenciador dos desempenhos.

Prezados enfermeiros deixo a certeza de grandes mudanças na nossa profissão, é esse o meu/nosso objectivo; pois se assim não fosse nunca estaria aqui como candidato.

Necessitamos por isso de ponderar muito bem sobre essa mudança que todos nós desejamos. Mas para que isso se venha a efectivar necessitaremos de ser sábios. E a palavra é mesmo esta – sábios.

Pessoas que sabem muito sobre as matérias que directa ou indirectamente influenciam ou irão influenciarem os caminhos da enfermagem nos próximos quatro anos. Pessoas com pensamento estratégico; com visão sobre a actualidade e o futuro da profissão; com visão sobre as actuais e futuras políticas de saúde; com profunda visão social; com uma visão enquadrada nos actuais valores da economia e finanças; com valores intrinsecamente humanistas.

Sem confronto nada se faz; sem controlo nada se faz correcta e eficazmente.

Votem! Só assim conseguiremos atingir os nossos/vossos objectivos.

Atenciosamente;

Carlos Manuel Vaz Folgado

1 comentário:

Anónimo disse...

Acho que as saus ideias são boas.
Realmente é necessário saber, saber-fazer e saber-ser.
Nós os enfermeiros temos de nos unir, e fazer a Enfermagem avançar.
Isso só é possivel com o aumento da qualidade da formação e com a garantia de emprego para todos.

Espero que no dia 13 de Dezembro saia vencedor.